Anistia é golpe 3l4c5q

Este Congresso reflete o espírito transgressor que o brasileiro herdou. Somos talentosíssimos em criar desvios à lei para que a inconstitucionalidade se instale 1r95t

Fonte: Miguel Paiva/(Foto: Miguel Paiva) - Publicada em 05 de maio de 2025 às 16:34

Anistia é golpe

Os últimos acontecimentos, incluindo a morte do papa Francisco, têm demonstrado como chegamos a um nível baixíssimo de democracia e política em geral. Mas tudo começou bem antes, nos dias em que Aécio Neves contestou a vitória de Dilma Rousseff e começou a questionar o resultado das ruas. Era o sinal que a direita precisava para se manifestar cada dia de modo mais violento. Note-se que a democracia que existia na época também permitia que os extremistas se erguessem e abrissem a boca. O ódio foi estimulado e o desenho para derrubar o governo democrático e popular começou.

A corrupção ou a ser a bala de prata que eles usavam para derrubar Dilma e qualquer vestígio de governo do PT. Doce ironia que esta mesma corrupção esteja derrubando de fato a direita e seus seguidores hoje em dia. Mas o estrago foi grande. Enaltecendo torturadores, Bolsonaro abriu seu caminho com a faca nos dentes e no ventre. Foi alimentando, com a ajuda das igrejas, esse ódio a tudo que viesse da esquerda. Não propunha nada, nenhum projeto, nenhum programa. Só destruir aquilo que tivesse sido construído porque representava a mão do demônio na terra. Os costumes, mais as dúvidas da economia e o fantasma da corrupção, foram crescendo. Depois da prisão totalmente ilegal do Lula com o apoio da grande imprensa, dos bancos, das elites e das populações carentes que queriam ver sangue de petista na rua, elegeram o Bolsonaro.

O caminho estava aberto para o golpe. Quando o Bozo fracassou, a trama golpista foi revelada e Lula foi solto e se tornou candidato, começou a articulação para o golpe. Eram incompetentes? Sim, eram, mas também eram o grupo que servia aos interesses de vários setores, sobretudo a parte do agro que via no desgoverno de Bolsonaro o campo fértil para seu crescimento. Aliás, tudo que era daninho cresceu. A bancada da bala, da Bíblia e do agro. A rede de apoio ao Bolsonaro e ao golpe estava armada. Ele não podia deixar o governo, muito menos perdendo uma eleição.

Mas foi o que houve. Perdeu e tentou não entregar. O povo mandado e conduzido à Brasília ocupou de modo violento a sede do governo eleito e criou uma baderna tal que a solução seria a decretação de uma GLO. Daí, os militares tomariam o poder para manter a ordem (?) e nada mais seria como antes ou como queria a democracia. Foi uma tentativa de golpe sim, violenta, fascista e totalmente articulada com os militares e civis envolvidos. Só que não deu certo. Na mesma levada, contestando as eleições, eles conseguiram eleger um Congresso ainda pior que o ado. Era aí que eu queria chegar, mas ficar pouco tempo. O assunto me enoja.

Essa corja eleita, ou melhor, parte dela, não tem a menor vergonha, o menor pudor em trabalhar só para tentar a anistia aos golpistas. Os problemas do país são cansativos, segundo eles. Além de não saberem o que propor é mais fácil brigar pelo ilegal e inconstitucional. O que eles querem mesmo é rosetar e encher os bolsos, deles e de outros imorais do mercado e do agro. Anistia agora é concordar com toda essa sujeira que foi instituída no país. É preciso bloquear isso e trabalhar com todas as forças para ver se conseguimos um congresso melhor na próxima eleição. Acho difícil. Este Congresso reflete o espírito transgressor que o brasileiro herdou. Somos talentosíssimos em transgredir, em criar desvios à lei para que a inconstitucionalidade se instale.

Precisamos desviar novamente este talento para o que é necessário. O brasileiro de esquerda acha que o nosso destino é a democracia. Esquece que para isso temos que trabalhar. E muito. A direita não tem projeto positivo, mas trabalha, articula, conspira e é capaz de tudo para se manter viva. A esquerda tem um espírito cristão, acredita no ser humano, no trabalho e na índole democrática do povo. Esquece de combinar com os inimigos. Temos que trabalhar. O futuro depende de nós. Eles estão no poder e têm demonstrado a própria incompetência, vide o Trump. Mas estão lá. Só temos que descansar desta fase para começar a outra, da construção, quando eles não tiverem lá, quando o povo acreditar que a eleição é a maneira mais direta e honesta de preservar a democracia, mas não faltando à ela, e sim comparecendo e votando.

Miguel Paiva 3om1p

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

2362 artigos

Anistia é golpe 3l4c5q

Este Congresso reflete o espírito transgressor que o brasileiro herdou. Somos talentosíssimos em criar desvios à lei para que a inconstitucionalidade se instale

Miguel Paiva/(Foto: Miguel Paiva)
Publicada em 05 de maio de 2025 às 16:34
Anistia é golpe

Os últimos acontecimentos, incluindo a morte do papa Francisco, têm demonstrado como chegamos a um nível baixíssimo de democracia e política em geral. Mas tudo começou bem antes, nos dias em que Aécio Neves contestou a vitória de Dilma Rousseff e começou a questionar o resultado das ruas. Era o sinal que a direita precisava para se manifestar cada dia de modo mais violento. Note-se que a democracia que existia na época também permitia que os extremistas se erguessem e abrissem a boca. O ódio foi estimulado e o desenho para derrubar o governo democrático e popular começou.

A corrupção ou a ser a bala de prata que eles usavam para derrubar Dilma e qualquer vestígio de governo do PT. Doce ironia que esta mesma corrupção esteja derrubando de fato a direita e seus seguidores hoje em dia. Mas o estrago foi grande. Enaltecendo torturadores, Bolsonaro abriu seu caminho com a faca nos dentes e no ventre. Foi alimentando, com a ajuda das igrejas, esse ódio a tudo que viesse da esquerda. Não propunha nada, nenhum projeto, nenhum programa. Só destruir aquilo que tivesse sido construído porque representava a mão do demônio na terra. Os costumes, mais as dúvidas da economia e o fantasma da corrupção, foram crescendo. Depois da prisão totalmente ilegal do Lula com o apoio da grande imprensa, dos bancos, das elites e das populações carentes que queriam ver sangue de petista na rua, elegeram o Bolsonaro.

O caminho estava aberto para o golpe. Quando o Bozo fracassou, a trama golpista foi revelada e Lula foi solto e se tornou candidato, começou a articulação para o golpe. Eram incompetentes? Sim, eram, mas também eram o grupo que servia aos interesses de vários setores, sobretudo a parte do agro que via no desgoverno de Bolsonaro o campo fértil para seu crescimento. Aliás, tudo que era daninho cresceu. A bancada da bala, da Bíblia e do agro. A rede de apoio ao Bolsonaro e ao golpe estava armada. Ele não podia deixar o governo, muito menos perdendo uma eleição.

Mas foi o que houve. Perdeu e tentou não entregar. O povo mandado e conduzido à Brasília ocupou de modo violento a sede do governo eleito e criou uma baderna tal que a solução seria a decretação de uma GLO. Daí, os militares tomariam o poder para manter a ordem (?) e nada mais seria como antes ou como queria a democracia. Foi uma tentativa de golpe sim, violenta, fascista e totalmente articulada com os militares e civis envolvidos. Só que não deu certo. Na mesma levada, contestando as eleições, eles conseguiram eleger um Congresso ainda pior que o ado. Era aí que eu queria chegar, mas ficar pouco tempo. O assunto me enoja.

Essa corja eleita, ou melhor, parte dela, não tem a menor vergonha, o menor pudor em trabalhar só para tentar a anistia aos golpistas. Os problemas do país são cansativos, segundo eles. Além de não saberem o que propor é mais fácil brigar pelo ilegal e inconstitucional. O que eles querem mesmo é rosetar e encher os bolsos, deles e de outros imorais do mercado e do agro. Anistia agora é concordar com toda essa sujeira que foi instituída no país. É preciso bloquear isso e trabalhar com todas as forças para ver se conseguimos um congresso melhor na próxima eleição. Acho difícil. Este Congresso reflete o espírito transgressor que o brasileiro herdou. Somos talentosíssimos em transgredir, em criar desvios à lei para que a inconstitucionalidade se instale.

Precisamos desviar novamente este talento para o que é necessário. O brasileiro de esquerda acha que o nosso destino é a democracia. Esquece que para isso temos que trabalhar. E muito. A direita não tem projeto positivo, mas trabalha, articula, conspira e é capaz de tudo para se manter viva. A esquerda tem um espírito cristão, acredita no ser humano, no trabalho e na índole democrática do povo. Esquece de combinar com os inimigos. Temos que trabalhar. O futuro depende de nós. Eles estão no poder e têm demonstrado a própria incompetência, vide o Trump. Mas estão lá. Só temos que descansar desta fase para começar a outra, da construção, quando eles não tiverem lá, quando o povo acreditar que a eleição é a maneira mais direta e honesta de preservar a democracia, mas não faltando à ela, e sim comparecendo e votando.

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Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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